A VIDA (A HISTORIA) DE CADA UM! (01)

                O VICIADO EM JOGO DE BICHO!


                Estava retornando para minha casa.  Era um início de noite. Uma semana antes do Natal do ano de 2.012.  De repente, uma pessoa na rua em que me encontrava me chamou.  Parei e o cumprimentei. Conheço alguns milhares de pessoas, mas, a maioria só de fisionomia.  Tenho dificuldades de "gravar" em minha tela mental seus nomes. Não sei se isto é normal.  Acredito que seja. Fica dificil guardar na "cabeça" os nomes de tantos familiares, amigos e colegas.

               Tratava-se de um colega da Doutrina Espírita.  Ele apressou-se em querer me lembrar quem era ele. Edivaldo, o senhor lembra de mim. Fizemos campanha do quilo juntos, por várias vezes. Lembra. Respondí: Claro que me lembro.  E você como é que está?  E ele retomou a palavra: Sr. Edivaldo, estou com um sério problema e gostaria que o senhor me ajudasse. Perguntei já ansioso: Qual é o problema? E ele olhando para mim, meio que entristecido, começou a narrar os fatos.

              - Sou viciado em jogo do bicho. Por mais que tente "parar" de jogar no bicho; ainda assim, não consigo.  Chego a ficar "liso", sem dinheiro.  Hoje mesmo, a empresa em que eu trabalho, pagou aos seus empregados o 13º Salário.  Todos receberam; inclusive eu. Mas, ao chegar em casa, minha esposa me perguntou se eu havia recebido e eu tive que mentir.  Eu falei para ela que eu não havia recebido.

                Perguntei:  E por que você mentiu.  O que houve?  Ele meio que chorando por dentro, com dificuldades, me relatou:  - Recebí meu 13º Salário e fui pagar dívida de jogo do bicho.  Quando eu não tenho mais dinheiro para jogar; o faço fiado.

                Olhei para ele. Parei e pensei o que dizer. Aquela criatura era digna de nossa piedade. Precisava de ajuda.  Mas, quem mais o podeira ajudar a ele, com todo respeito, era ele mesmo. Lembro-me de uma mensagem de uma mãe para um filho, onde ela dizia ao filho que, poderia lhe dizer como identificar um bom amigo; mas, lá fora quem iria decidir quem seria seu amigo era ele.  Que ela poderia ensiná-lo a ser brando, comedido, prudente; mas, não estaria com ele o tempo todo.  E que na hora, no momento de algum problema, quem teria que tomar uma decisão seria ele. Uma decisão prudente, equilibrada e ou uma decisão violenta, desequilibrada, ....

              Pois bem, comecei a orientá-lo: Meu irmão.  Todas as vezes que, vier em sua tela mental, em sua cabeça, em seu coração; uma vontade forte de jogar no bicho. Resista.  Eleve seu pensamento ao "Alto" ( a Deus) e faça uma prece. Peça forças a Deus para resistir a esta tentação. Ore neste momento, da vontade de jogar no bicho.  Até que esta vontade passar. Lute.  Que você vai vencer.

             Falei ainda: Todos os dias, logo pela manhã.  Bem cedinho. Converse com Jesus:  Senhor, só por este dia.  Dai-me a força necessária para que eu vença esta tentação de jogar no bicho.  Só por hoje Senhor. Que eu consiga vencer.  Que Deus me abençoe, hoje e sempre.

             Acrescentei ainda: Ore sempre. Todos os dias pela manhã, peça proteção a Deus, a Jesus, só por aquele dia. Repita isto, todos os dias.  Você vai conseguir.  O meu amigo estava abalado.  Nos despedimos.


             Na verdade, é muito dificil  lutar contra um hábito, um vicio antigo.  A melhor forma, é lutar a cada dia.  Vou lutar e evitar a prática de tal vicio, tal hábito, só por hoje. Vencido aquele dia. Repete o esforço no dia seguinte.  Vencido o vicio naquele dia, repete o eforço no dia seguinte e assim, sucessivamente, ...  Temos que aliar, a vontade de efetuarmos as mudanças, com a fé em Deus e em Jesus, sabendo que Eles estarão alí, nos ajudando, no dia a dia.  Esta é a melhor maneira.
 
             Passados alguns meses. Me encontrei de novo, com aquele irmão.  E curioso, fui logo perguntando:  E aí, conseguiu se libertar do jogo do bicho?  E ele meio que, cabisbaixo, alegou que nada tinha mudado. Que não havia ainda, vencido a tentação de jogar no bicho.

            Ninguém muda ninguém.  A pessoa por se só, tem que ter a iniciativa, a vontade própria.
            As pessoas podem até ter a iniciativa, de orientar, de sugerir tal tratamento, tal instituição; mas, se o paciente não estiver determinado, não atingirá a meta.  Ele vai ficar alí, internado, apenas fazendo de conta.  Ao saír, após aproximadamente noventa dias.  Este é o prazo para os tratamentos de desintoxicação de bebidas acoólicas, drogas, fumo, ... Logo após, em casa, o ex-paciente, retoma o seu vicio, o seu hábito.

           Mas, a família deve insistir, fazer a sua parte, até onde for possível, ... Mesmo porque, a familia só quer o bem dos familiares.

          O jogo do bicho, é um mau necessário a sociedade. Em Pernambuco, são mais de 100.000 (cem mil) pessoas empregadas; as quais, sobrevivem trabalhando, "passando" o jogo do bicho.  Estas pessoas, trabalham de forma "semi-escrava". Pois, os bicheiros não respeitam os direitos trabalhistas dos seus empregados.  Não anotam a CTPS dos seus empregados.  Não Pagam aviso prévio, férias, 13º salário e demais títulos rescisórios.  O jogo do bicho  é crime na forma da lei.  Jogo do bicho, é uma contravenção penal. Portanto, não pode ser considerado um emprego.  Não existe nesta prática, relação de trabalho e ou de emprego. Sendo assim, quando um "cambista", nome condedido a quem passa jogo de bicho; ingressa com uma ação trabalhista, na Justiça do Trabalho. A maioria dos juizes, não reconhece a relação de emprego.  Manda arquivar a ação trabalhista.  Porém, outros juizes, determina a instauração de inquerito entre as partes, cambista e bicheiro, para apurar o crime de contravenção penal.  E outros juizes, admitem a ação e as partes conciliam.  Geralmente o "bicheiro" paga um salário mínimo, por cada ano de trabalho.  Menos mau.

        A ilegalidade da prática, favorece a alguns politicos; os quais, na época de campanha politica recebem "beneficios" destes bicheiros.  Deste negócio, não se desconta imposto de renda, contribuição previdenciária, ....  Nada. Eles vendem uma fantasia. Produto não perecível.  Não perdem nada.  Só ganham.  E ainda, em certos casos, viciam algumas pessoas, destruindo familias.

       Lembro-me quando fui candidato a Deputado Federal por Pernambuco; uma de minhas propostas, foi de legalizar o jogo do bicho.   A proposta era a seguinte: Criava-se uma lei federal, legalizando a prática do jogo do bicho.  Todos os cambistas e outras funções inerente a esta prática, terião suas CTPS anotadas. Seria pago as contribuições previdenciárias. FGTS. Imposto de renda, todos os impostos e taxas legais.

      Bom para os bicheiros que, não mais seriam perseguidos; uma vez que, em determinados estados, o jogo do bicho é proibido e quem insiste com tal prática, é repreendido.  Em Pernambuco, o jogo do bicho é praticado com certa tolerância.  Bom para os empregados do jogo do bicho, porque teriam seus direitos trabalhistas respeitados.  Bom também para os estados; inclusive para Pernambuco que, tem aproximadamente 100.000 (cem mil) pessoas trabalhando para os bicheiros. E que de alguma forma, estão empregadas.  Não estão ociosas, algumas até, quem sabe, com todo respeito, poderiam ingressar no mundo do crime. Mas, não é o caso.  Graças a Deus. Com sabedoria, o Estado poderia empregar este dinheiro que hoje ele não tem, oriundo dos impostos que serião pagos pelos bicheiros, por força da legalização do jogo do bicho. O Estado, investiria "este dinheiro" arrecadado com estes impostos, para construção de casas populares, para os menos favorecidos, com renda mínima de até dois salários mínimo.  E assim, teria resolvido um dos problemas do povo brasileiro.

    Este projeto é bom, é viável.

    O jogo do bicho e tantos outros tipos de apostas, não podem de forma nenhuma, serem tidas, como uma maneira, uma solução, uma saída, para os problemas fianceiros.  Problema financeiro, se resolve com muito trabalho, com o ganho do dinheiro honesto, abençoado por Deus. É necessário que se gaste menos do que se ganha.  É necessário se conter o impulso, a vontade de tudo querer consumir.  É preciso controlar a receita e as despesas, no dia a dia.  Evitem os hábitos e vicios; os quais, mais tarde, no futuro, venham a nos causar prejuizo.  Transtornos em nossas vidas, no seio da família.  Procurem ajuda, médica, amiga, espiritual, ...

    Voltando ao nosso irmão, viciado em jogo de bicho.  Vamos orar a Deus e pedir por ele.  Para que ele tenha força e supere este vicio.  Que Deus nos abençoe a todos, hoje e sempre.  Fiquem todos na paz!  Fiquem com Deus.

    Edivaldo Valentin

    edivaldovalentin59@hotmail.com